Inspirado no comentário do Ricardo sobre a sua vontade de estudar no Japão resolvi deixar aqui algumas considerações gerais que fui apanhando na viagem e que podem ser úteis a quem vai lá, seja por um curto espaço de tempo ou seja de uma forma mais prolongada. 1. Choques culturais De facto existem, o que não é surpresa nenhuma para quem goste e saiba umas coisas sobre a cultura japonesa, contudo uma coisa é o conhecimento abstracto disso outra é o conhecimento na prática, portanto há que manter uma mente aberta e tentar manter aquele saudável equilíbrio de respeito entre o não ter medo de errar e o não ferir susceptibilidades.
Uma coisa que nos temos que habituar é que no Japão tudo anda mais ou menos como é suposto. Para dar um exemplo em 90% das vezes (se não mais) os comboios chegam e partem exactamente à hora que vem marcada no horário, todos sabem qual é o seu papel e cumprem-no sem questionar com um sorriso nos lábios (e aqui falo até dos próprios passageiros do comboio que arrumam de uma forma coordenada e atempada nos locais marcados onde irão ficar as portas do comboio ainda antes do comboio chegar à estação), chega a haver uma precisão de relógio suíço bastante admirável.
Quanto à organização em si, tenho de admitir que saí de Portugal já com uma má impressão da organização japonesa, por um simples factor que torna tudo um pouco complicado para nós. Traçando um panorama geral, japoneses não gostam de dizer Não, o problema é que também podem é não dizer Sim, e deixam que uma pessoa chegue à sua própria conclusão sobre a resposta (se não disseram Sim, então é porque é um Não). O embate acontece quando na nossa cultura dizer que não é algo normal e perfeitamente aceite.
São uma nação extremamente conversadora em alguns aspectos e extremamente liberal noutros. E aqui a industria de entretimento nocturno é um espelho fantástico disto. Tanto existem bares cuja entrada é exclusiva a japoneses como a seguir um homem a andar sozinho pela rua (como era o meu caso em 90% do tempo que estive lá) é abordado sem qualquer descanso por hordas de homens a tentarem levar-nos para os diferentes bares que eles representam.
2. Segurança
Pode ser uma ilusão minha de turista bafejado com a sorte de nunca ter tido um único problema durante o mês que lá esteve, mas a sensação que eu tinha é que no geral é dos países mais seguros do mundo. Eu andava por todo lado, perguntava indicações a qualquer pessoa que encontrasse, e nunca me senti minimamente ameaçado, ou sequer tive alguma coisa a apontar a quem quer seja, bem pelo contrário, as minhas questões eram sempre recebidas da melhor forma, e as pessoas esforçavam-se para me ajudar como pudessem.
3. A língua
Qualquer pessoa que vá para o Japão durante um período maior que duas semanas é conveniente saber umas quantas palavras de japonês, nos centros urbanos mais conhecidos e turísticos lá se vai encontrando quem consiga falar inglês, contudo a maioria dos japoneses fala muito pouco inglês. Já me ofereceram várias explicações para isto, desde o não saberem mesmo, ao saberem mas como o grau de exigência deles é bastante elevado e não conseguirem atingir esse então preferirem dizer que não sabem; contudo para quem lá está e tem de se desenrascar vai dar mais ou menos ao mesmo. Portanto o meu curso intensivo de japonês foi-me extremamente útil, com o bónus acrescido de ter um bocadinho de simpatia extra por parte dos japoneses pelo esforço.
4. A comida
Pessoalmente, eu adorei a comida, e é das coisas que mais sinto saudades dos 30 dias que lá passei.
5. Dinheiro
O Japão é caro, não há grande volta a dar, contudo fiquei com a sensação de que há bastantes escapatórias basta estar atento. Por exemplo, em relação aos hotéis fazer uma pesquisa por "business hotels" é um bom principio; as lojas de conveniência não são muito mais caras que um supermercado normal; como já disse antes há restaurantes para todos os bolsos. A questão é saber o que estamos dispostos a abdicar para ter uma vida mais económica, se realmente nos importamos que o nosso quarto de hotel seja pequeno com uma casa de banho minúscula ou não, se queremos ter uma experiência mais tradicional ou não. Tudo isto são escolhas que temos de fazer consoante o nosso orçamento.
6. Mentalidade
Neste tipo de viagens precisamos de ter espirito aberto, nunca fazer perguntas para as quais na realidade não queremos saber a resposta, e ir com a maré. Claro que algum planeamento ajuda, contudo tenho de admitir que não foi critico para a maioria dos sitios onde estive, excepto em Tokyo, onde encontrar um posto turístico com informação decente não foi assim muito simples.Do outro lado estão pessoas que na sua maioria podem ser descritas como simpáticas, serenas e que gostam de ajudar os turistas a conhecerem o seu país.
Espero que estes pontos sejam úteis, qualquer questão que tenham e eu possa ajudar não hesitem em deixar na caixa dos comentários.
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