Não quero repetir o que já antes foi dito sobre este filme: é um regresso em grande de Woody Allen.
É muito curioso também ver alguém interpretar Woody Allen como se fosse ele a representar outra personagem.
Mas tudo isto já foi dito - e muito bem dito.
Só ficaram três coisas por dizer.
Em primeiro lugar, que só o mais europeu dos cineastas podia ter feito um filme como este sobre Paris. Só a sequência de imagens inicial é fantástica: cria imediatamente o ambiente. Adorava ver o Woody Allen filmar Lisboa.
Em segundo lugar, que a maneira como o Woody Allen trata por tu as várias figuras que construiram o ambiente cultural de Paris é fantástica: trivialidade e profundidade são características difíceis de conjugar.
Em terceiro lugar, que este é, para mim, o filme da maturidade em Woody Allen. Ao vê-lo estava sempre a fazer o paralelo com o filme do WA que eu mais gosto: a Rosa Púrpura do Cairo. E daqui para a frente há spoilers, quem ainda não viu o filme pode seguir este link.
A Rosa Púrpura do Cairo também é uma comédia romântica, também sobre uma situação impossível, uma ponte entre duas realidades, uma delas fictícia. Mas enquanto na RPC a personagem não escolhe, são os acontecimentos que escolhem por ela, em Midnight in Paris é a própria personagem que se apercebe da situação e a supera, por opção própria. Enquanto a personagem principal de RPC era frágil e incapaz de ficar só, a personagem de M. in Paris é muito mais estruturada e capaz de optar. Foi com RPC que me apaixonei por esta forma de fazer cinema, de coração aberto. Com Midnight in Paris sinto o fechar de um ciclo, tão discreto que talvez só eu tenha notado (ou só exista na minha relação pessoal com a obra de Woody Allen).
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