Ontem estava eu aqui em casa sossegadinho, jogo a ser relatado na benficatvcom o Benfica a ganhar 1-0, quando recebo um convite espontâneo da senhora papoila para ir assistir a um espectáculo na Escola Superior de Dança. Arrumei logo as minhas coisinhas e fui-me embora (isto dá ideia do que eu estava a achar do jogo do Benfica).
Ok... quando se fala em espectáculo da ESD uma pessoa pensa naturalmente em dança, pois fiquei a saber que é um pensamento errado. Também se faz teatro por ali. O que fui ver eram duas apresentações de projectos de turmas do 1º ano da disciplina de teatro. As peças chamavam-se Re: Pneu e António Marinheiro e foram apresentadas por esta ordem, contudo eu vou-lhes trocar a ordem aqui no texto.
António Marinheiro
"Tragédia. Teatro de texto. Um clássico da dramaturgia portuguesa contemporânea cuja acção se situa nos anos sessenta, em Alfama, Lisboa. As bases do teatro por alunos de Dança a dar os primeiros passos na arte do diálogo, da intenção. Intervenção partilhada sobre o texto para escolha de personagens e falas. Diferentes etapas de construção de um esboço de espectáculo integradas como arma. Experienciação de todo um processo de génese criativa."
Antes de mais quem escreveu esta sinopse podia ter feito um trabalho melhor, mas deixemos isso que acaba por não ser assim tão importante. O que é importante é que apesar do esforço posto nesta apresentação a coisa não resultou muito bem. Pegar numa obra de Bernardo Santareno e tentar fazer algo a partir disso é algo corajoso, contudo houve algumas coisas que não correram bem.
Antes de mais quem escreveu esta sinopse podia ter feito um trabalho melhor, mas deixemos isso que acaba por não ser assim tão importante. O que é importante é que apesar do esforço posto nesta apresentação a coisa não resultou muito bem. Pegar numa obra de Bernardo Santareno e tentar fazer algo a partir disso é algo corajoso, contudo houve algumas coisas que não correram bem.
1. Esta apresentação foi incrivelmente datada. Ok, que a peça passa-se em 1960, mas tendo em conta que foi escrita no mesmo ano, creio que o espírito da coisa era pegar num clássico grego e transpô-lo para a sociedade actual da época num bairro muito específico que é Alfama. Podiam ter antes respeitado o espírito da coisa em vez da interpretação literal.
2. Provavelmente em tempos Teatro já teve aquela expressão, aquela forma de se mexerem, aquela forma de entoarem as palavras. Já não estamos nesses tempos.
3. Já chega com o Carlos Paredes! Era bom para o mundo das artes português fazer uma pausa indeterminada do Carlos Paredes. Não é que a música seja má, bem pelo contrário, sempre achei o senhor um génio da guitarra, contudo o uso e abuso excessivo das músicas dele já começa a saturar.
4. Tudo isto junto tornava a apresentação incrivelmente pesada. Bem sei que o texto é uma tragédia, mas quando o peso não vem pelo texto mas sim por todo o resto parece-me que alguém, algures, está a fazer algo errado.
Como disse inicialmente pegar numa obra do Bernardo Santareno não é simples, ainda para mais se considerar-mos que a apresentação foi bastante curta para o que era necessário, dai eu ter que dar crédito à tentativa.
Re: Pneu
"Afirmar que as obras-de-arte mudam a forma como olhamos o mundo é frequente.
Não menos comum é o desabafo de que elas nos levantam questões para as quais não temos resposta.
E se não fosse assim? E se conseguíssemos responder às obras de arte no mesmo tom com que nos interpelam!
Este exercício é o primeiro de uma série de trabalhos que pretendo desenvolver: os espectáculos-resposta.
Contudo não é um espectáculo da minha autoria; é uma co-criação da turma 51.
Por isso explico o processo.
Chego com uma ideia e com uma obra, neste caso o filme Rubber-Pneu de Quentin Dupieux, e depois fica a cargo dos alunos depois responder às questões que o filme lhes levantou.
São dadas voltas à cabeça e às técnicas e fazem-se vinte espectáculos por dia, os quais tentámos sintetizar num único trabalho.
O processo é levado a cabo desta maneira porque defendo que mais do que um objecto polido e moral, conceitos tão afectos aos produtos culturais, a arte existe como experiência de investimento de sentido.
E se têm "sérias dúvidas" sobre o que vamos apresentar, então já sabem... respondam-nos."
Tenho de admitir que adorei esta apresentação; talvez por já ter visto o Rubber, mas para além disso gostei da maneira solta, feliz e divertida como estavam em cena, esse tipo de coisas passa para o público.
O texto em si está deliciosamente construído agarrando nas partes vitais e cruciais de Rubber com uma clareza muito elevada, especialmente considerando que estamos a falar de uma peça construídas por alunos de primeiro ano, que começaram há uns poucos meses as aulas. Aliás arrisco-me a dizer que gostei mais desta apresentação do que do próprio filme, mas isso são outras contas.
Engraçado como estava aqui a pensar se era possível destacar alguém, se calhar até podia, mas a realidade é que tudo isto vale pelo colectivo da turma 51 (ora aqui está um bom nome para um grupo de teatro).
Vale a pena ver mas cuidado! Corre-se o sério risco de se sair de lá num...BOOOOOMMMMM!!!!
Ainda se podem ver as apresentações hoje às 21 horas no átrio da ESD!
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