Cai naturalmente.
Abrigo-me e observo-a a apenas um passo de mim.
Os céus escurecem e anunciam-na, nunca na realidade a desejamos, porém eu lembro-me.
Lembro-me de uma altura em que para mim significava algo, dos dias em que a ouvia a bater nas caixas dos estores, dos dias em que brincava nas poças, dos dias em que apenas caminhava por entre os pingos de chuva.
O que ela significava para mim?
Roupas encharcadas, sapatos que chiavam enquanto andava, os cabelos demasiado grandes e claramente despenteados a escorrer água, a temperatura do corpo que disparava para combater o frio que se tentava instalar, a sensação de estar à procura de um rumo numa situação em que todos se escondiam, um sorriso. Mais concretamente aquele sorriso de quem estava a passar por um ritual incompreendido de purificação.
Não passam de recordações, já longínquas, que dificilmente se entendem ou explicam, que só acontecem naquelas alturas em que há uma crença nos actos simbólicos - como por exemplo o acto da chuva levar todas as tristezas, preocupações e problemas.
Se apenas fosse assim tão simples.
A realidade é que nunca tive nenhum problema que fosse levado pela chuva - coisa que não surpreende os mais cépticos - mas posso dizer que de alguma forma todo aquele acto me fazia sentir bem momentaneamente, as tristezas deixavam de ter importância, as preocupações desapareciam, só por uns momentos. Nesses momentos era apenas eu, a chuva, e qualquer direcção que eu resolvesse tomar. Ninguém na altura me compreendia, achavam que eu era doido por fazer aquilo, mas a verdade...
A verdade é que hoje em dia não me lembro das tristezas, não me lembro das preocupações, não me lembro dos problemas. O que ficou na minha memória foram aqueles momentos de pausa, de silêncio, de paz.
...
Chamem-me doido se quiserem.
...
Dou um passo em frente e sigo o meu caminho.
Irónico que numa era digital venha falar de algo que provavelmente muita gente não se lembra ou se lembra já não acha importância.
Em tempos pré-internet(à muito muito tempo...) vendiam-se videojogos. Já sei o que estão a pensar..coisas para crianças, meras invenções feitas para entreter os mais pequenos, sem adicionar algo substancial ou enriquecedor. Da mesma maneira que julgam outros media, como os desenhos animados, banda desenhada.
Mas confesso que estão enganados. Qualquer coisa que se torne num veículo para uma história, tem o potencial de ser Arte! Mas enfim..são os meus denaveios. Retomando o tópico do início, antigamente os videojogos vinham em caixas, eu sei hoje em dia também se vendem. O que diferia na altura era o facto de trazerem pequenos objectos que traziam uma outra dimensão. Fosse um mapa da história do jogo, um conjunto de cartas que complementava a acção do herói.
Dou-vos a minha experiência de um pequeno jogo chamado "Beneath a Steel Sky", um jogo "point and click", trazia uma banda desenhada cujo o papel era uma introdução à história do herói. E claro o jogo começava onde a banda desenhada tinha terminado.
Este texto serve como introdução a um artigo que quero vos apresentar e que reflecte essa arte esquecida, espero que não seja o único que sinta falta dela..
Artigo via Artfulgamer
Verde. Muito verde. Animado pelos cães, esquilos, pássaros e pessoas nos seus rituais matinais de masoquismo em prol de uma data de desculpas, seja a sua saúde, seja a sua a atracção física.
Os passos sucedem-se automaticamente apenas interrompidos pelo brilho do sol.
Não é bem dormência ou apatia, é aquele estado zen de quem acabou de acordar e ainda não tem nada para dizer ao mundo, querendo apenas apreciar os pequenos prazeres, os pequenos nadas, como o chilrear dos pássaros, a brisa que passa, os curtos intervalos de silêncio desta cacofonia harmoniosa.
A relva apresenta-se prazeirosa, preguiçosa, apetitosa, convidativa e começa a argumentar silenciosamente o ócio, aquele "dolce fare niente", que dificilmente é possível naquele dias.
Ai se não tivesse um destino, uma hora, um compromisso, uma rotina. Este era o pensamento mais sentido que lhe interrompia o vazio da sua mente.
Cuidado que a linguagem utilizada não é propriamente segura para locais de trabalho e afins.
- Como é que tu achas que eles descobriram que a terra é redonda? - pergunto.
Bom, pensando bem, os meus advogados aconselham-me a começar por dizer que as perguntas mais curiosas saem daquela boca – e curiosas é o melhor adjectivo mesmo. Exemplos: porque é que há objectos leves que se afundam e objectos pesados que flutuam? Já sei que a terra roda sobre si própria, mas o que é que a faz rodar? Na sequência desta – e de outras idênticas – o tio Gonçalo aconselhou um livro do Isaac Asimov, Guia da Terra e do Espaço, que se desenvolve em ritmo de pergunta/resposta, começando por “Qual é a forma da Terra?” Ao que ele respondeu:”Isso é fácil: a Terra é redonda.”
- E como é que sabes isso?
- Porque vi nos livros.
E foi assim que chegámos àquela pergunta.
- Porque os astronautas viram. Só que primeiro tiveram de inventar o foguetão…
- E se eu te disser que descobriram isso antes de inventar o foguetão, antes até de se inventar o avião? Para falar a verdade só precisaram da matemática...
- Mas a matemática é só números e formas… Oh, pois as formas, já percebi…
Tive toda a sua atenção. E fui traduzindo o livro para palavras mais simples: que a superfície da Terra é irregular mas que não há sítio nenhum onde se suba sem voltar a descer ou vice-versa, por isso podemos imaginar um valor plano, na média. Que quando olhamos, abstraindo-nos dessas irregularidades vemos a terra como plana e que foi isso que os homens fizeram durante muito tempo. Mas que se formos para o mar e perdermos o horizonte, começamos a ver terra pelo ponto mais alto, mesmo que esteja um pouco mais longe, e não pelo ponto mais próximo. Que isso é assim porque essa terra que vemos está mais baixa do que nós por causa da curvatura da terra, em todas as direcções e que quando nos vamos chegando mais perto é como se descêssemos pela curvatura e a terra subisse das águas. Expliquei que o primeiro a sugerir que a Terra era redonda tinha sido Pitágoras, cerca de 500 anos antes de Cristo…
- Então ele aparece na Bíblia? No Antigo Testamento?
- Não querido, não aparece.
- Então porquê?
- Porque a Bíblia é mais sobre Deus e Pitágoras pensava sobretudo na matemática.
- Isso não é assim, porque olha que Deus tem muita matemática escondida…
- Pois, filho, para falar a verdade também era isso que o Pitágoras dizia.
Fechei o livro e vim-me deitar.
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