Cai naturalmente.
Abrigo-me e observo-a a apenas um passo de mim.
Os céus escurecem e anunciam-na, nunca na realidade a desejamos, porém eu lembro-me.
Lembro-me de uma altura em que para mim significava algo, dos dias em que a ouvia a bater nas caixas dos estores, dos dias em que brincava nas poças, dos dias em que apenas caminhava por entre os pingos de chuva.
O que ela significava para mim?
Roupas encharcadas, sapatos que chiavam enquanto andava, os cabelos demasiado grandes e claramente despenteados a escorrer água, a temperatura do corpo que disparava para combater o frio que se tentava instalar, a sensação de estar à procura de um rumo numa situação em que todos se escondiam, um sorriso. Mais concretamente aquele sorriso de quem estava a passar por um ritual incompreendido de purificação.
Não passam de recordações, já longínquas, que dificilmente se entendem ou explicam, que só acontecem naquelas alturas em que há uma crença nos actos simbólicos - como por exemplo o acto da chuva levar todas as tristezas, preocupações e problemas.
Se apenas fosse assim tão simples.
A realidade é que nunca tive nenhum problema que fosse levado pela chuva - coisa que não surpreende os mais cépticos - mas posso dizer que de alguma forma todo aquele acto me fazia sentir bem momentaneamente, as tristezas deixavam de ter importância, as preocupações desapareciam, só por uns momentos. Nesses momentos era apenas eu, a chuva, e qualquer direcção que eu resolvesse tomar. Ninguém na altura me compreendia, achavam que eu era doido por fazer aquilo, mas a verdade...
A verdade é que hoje em dia não me lembro das tristezas, não me lembro das preocupações, não me lembro dos problemas. O que ficou na minha memória foram aqueles momentos de pausa, de silêncio, de paz.
...
Chamem-me doido se quiserem.
...
Dou um passo em frente e sigo o meu caminho.
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