Sábado, 26 de Março de 2011
Eu vivo em Lisboa. Nunca conheci outra morada, nunca imaginei a minha vida noutro sitio para morar em Portugal que não fosse Lisboa, é a cidade a que chamo casa, que tanto amo como odeio, nunca ficando indiferente a ela. Foi com alguma estranheza que recebi a notícia que o meu irmão ia trocar Lisboa pelos Açores. Ele que era tão citadino, sempre a andar de um lado para o outro, para ir sair com este e aquele, sempre naquele frenesim, sempre naquela lufa-lufa. Realmente não conseguia perceber. Mas a realidade é que mal se casou veio logo para este cantinho no meio do Atlântico.O tempo, e tudo aquilo que se passou entretanto fez-me perceber essa opção.Numa palavra: Família.O meu irmão encontrou na tranquilidade e na paz que se vive nos Açores o seu nicho onde se enraizou e estabeleceu a sua família, que já é classificada como rara e numerosa. Esta decisão do meu irmão veio afectar a minha vida de uma forma que eu não estaria à espera, sendo a mais complicada o facto de ter que acompanhar o crescimento dos meus sobrinhos a uma distância que não se bate de uma forma fácil e económica. Contudo isto também me fez reflectir e aprender sobre o que é família e como se está em família.Não quero entrar nos lugares comuns do que é família, como a família é amor. Eu tive a sorte de isso ser um dado adquirido e inquestionável, para além disso, família sempre foi um sinónimo de uma mistura de felicidade com obrigações, que deixam de ser obrigatórias a partir do momento em que gostamos tanto uns dos outros que fazemos tudo por escolha, por gosto, pondo o que percebemos ser melhor para eles à frente de todos os nossos quereres. Como por exemplo o facto de ter que lidar com ausência do meu irmão, da minha cunhada e dos meus sobrinhos e fazendo isso consciente que eles estão felizes e estão a viver exactamente como querem.E este lidar com a situação leva-me à parte de como viver com a família próxima dividida entre Lisboa e os Açores. De facto as novas tecnologias vieram ajudar nesse campo, os telefones móveis vieram revolucionar este campo e ainda bem que assim é, porque sempre dá para matar um pouco das saudades através das conversas diárias. Mas o fundamental não é isto. O fundamental é que aprendemos a realmente estar uns com os outros nas raras alturas em que estamos, a aproveitar todos os momentos e todos os mimos, porque já sabemos que vamos estar bastante tempo sem voltar a tê-los da mesma forma. E é por causa disto que eu hoje sinto que vivo em Lisboa, vivo nos Açores, vivo na Alemanha, vivo onde está a minha família. E apesar de toda a distância que possa existir na realidade estamos todos perto uns dos outros nos nossos corações.
De Rui a 26 de Março de 2011
Compartilho dos teus sentimentos e de facto o estar longe não pode contribuir para o esfriar dos laços de família.
Grande abraço
Tio Rui
Meu tio, atrevia-me a dizer mais que isso. Acho que até pela distância os laços precisam de ser mais trabalhados e portanto mais fortes.
Grande abraço
Gonçalo
De Diana a 27 de Março de 2011
A cada regresso o coração vem carregadinho de afectos e emoções que ajudam a suportar a ausência física daqueles que amamos. Gostei muito de te ler! :)
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